História do NavioFoi por isso que, por esforços conjugados do Ministério da Marinha e do Grémio dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau, se decidiu substituir o velho Gil Eannes, ronceiro, esclerosado e sempre vestido de empréstimo nas roupas de navio de assistência, por um navio hospital dotado de outros meios, inclusivamente médicos, de assistência, com enfermarias, sala de tratamentos, gabinete de radiologia, bloco operatório, capela, e até salas de lazer, para prestar uma assistência médica compatível com a dignidade humana dos nossos pescadores do bacalhau. Integra-se também nesta onda de recuperação nacional o desenvolvimento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Surgiram eles da conjugação de dois factores: a existência em Viana do Castelo dum porto de mar moderno e desaproveitado e o dinamismo da Empresa de Pesca de Viana, fundada em 1925, que soube capitalizar em seu proveito uma tradição local ligada a algumas pequenas empresas que remontavam ao princípio do nosso século. Tinha ela armado já alguns navios que construíu fora. E foi a visão empresarial de João Alves Cerqueira que resolveu fundar uns estaleiros com vista ao aproveitamento do porto vianense e duma mão de obra que, por bisonha, teria de ser necessariamente barata. O corpo social da empresa era, por isso, em grande parte integrado por técnicos da C.U.F. Mas, construídos os primeiros arrastões, novas encomendas não surgiam, e os erros de gestão acumulavam-se, tendo ficado proverbial como sinónimo de gastos não orçamentados a "Obra 10". Foi então que Jacques de Lacerda, à data administrador da Parry & Son e muito bem relacionado com o então Ministro da Marinha, passou a gerir, a partir de 1950, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, como representante do seu maior accionista.
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