História do NavioMas, entretanto, fez-se a República e os políticos passaram a lutar afanosamente pelo reconhecimento das monarquias europeias; mas nem sequer tinham conseguido cá dentro uma estabilidade que os recomendasse. Surge entretanto a Grande Guerra. E Afonso Costa e Norton de Matos, e todos dum modo geral, anseiam, diligenciam, pedem para a entrar na guerra ao lado do Reino Unido, da República Francesa, e do Império Russo, contra o II Reich e o Império o Austro-Húngaro: assim, a par, como um aliado ou um inimigo de respeito. E a oportunidade surgiu em 1916, quando os Aliados se encontravam em dificuldades e solicitaram o apoio português. O Governo mandou logo, a 23 de Fevereiro, apresar todos os navios alemães surtos no Tejo. E é aqui que começa a primeira parte da história do Gil Eannes. O velho Gil Eannes Chamava-se Lahneck e pertencia à companhia alemã "Deutsche Dampfschiffarts GeselIschaft Hansa". Tinha a capacidade para 2000 toneladas de carga e para navegar a 10 a 11 nós, media 84.79 m de comprimento e dispunha de um potente motor de 2000 hp. Foi um dos navios alemães requisitados pelo Governo em 23 de Fevereiro, em consequência do que a Alemanha nos declarou guerra a 9 de Março. Dias depois, era rebaptizado. Foi-lhe posto o nome dum daqueles homens que revolucionaram a história e que só sabemos que era algarvio e se chamava Gil Eanes. Mas foi ele que, numa simples barca, ousou desafiar os medos medievais e passar além do Bojador. E, do lugar aonde "passou além da dor" como diz o Poeta, apareceu ao Infante, não com uma espada sangrando nem com um grupo de cativos, mas com um ramo de flores, que os portugueses dedicaram à Padroeira de África e se ficaram chamando "rosas de Santa Maria". Foi "Gil Eannes" que este alemão aportuguesado se passou agora a chamar. Serviu inicialmente para transporte de tropas para a Guerra que o fez português; foi depois fretado para os Transportes Marítimos, tendo servido na carreira dos Açores.
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